quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Recadinho!!!



Olá, queridas damas de copas e cozinha, como eu, e cavalheiros presentes! 



Vocês sabem como é cheio de contratempos cuidar de nossos reinos... nos últimos dias tenho estado muito ocupada com um projeto de reforma e decoração de um novo cantinho aqui da chácara, em breve compartilharei com vocês esse processo e rechearei de dicas. Porém, até lá, me afastei um pouco aqui do blog... 

Hoje passei apenas pra dar um recadinho... Acabo de ver uma coisa bem legal e pertinente ao nosso tema, pra quem gosta de multiplicar fantasia pros pequenos e enfeitar a vida... 
Portanto segue este link que achei muito caprichoso, pra quem quiser aprender!


Alice no país das bonecas


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Vasculhando e tirando o pó do país das maravilhas...

Acho que todos já tivemos, pelo menos, uma fase, um momento de "Alice". De curiosidade, impeto de conhecer o mundo, dúvidas, angustias, dificuldade de nos adequarmos, quando queremos ser pequenos, nos sentimos gigantes, quando queremos ser gigantes sumimos dentro da roupa... até aprendermos a tirar proveito de uma certa inadequação e nos impomos. Assim nos diferenciamos e reconhecemos nossas qualidades individuais.
Mas acredito que passei um pouco da hora e me prolonguei um bocadinho nessa fase. Me viciei nessa sensação de correr o tempo todo atrás de um coelho e querer cada vez mais conhecer o novo, mais novo, mais e mais... Visitando constantemente esse tal país das maravilhas. Esse mundo, pra mim, é a arte, a criação, a fantasia, a epifania de ver concretizar, algo que antes era apenas pensamento...
E como já citei anteriormente, esse blog foi criado, também, pra que eu possa fuçar essas aventuras e tentar achar qual caminho devo trilhar novamente e tentar chegar mais adiante através dele... em qual esquina mudar a direção, que anteriormente tomei. E também compartilhar e continuar trilhando caminhos novos, mesmo sem ter encontrado ainda o destino certo. Afinal, não dá pra ficar parado apenas pensando... Então aqui o passado, presente e futuro se entrelaçarão constantemente...
Hoje relembro e compartilho a descoberta do pó, do gesso, da terra, do barro, mutante como massa, rígido como cerâmica...  


Nas estantes os livros ficam 
(até se dispersarem ou desfazerem) 
enquanto tudo 
passa. O pó acumula-se 
e depois de limpo 
torna a acumular-se 
no cimo das lombadas. 
Quando a cidade está suja 
(obras, carros, poeiras) 
o pó é mais negro e por vezes 
espesso. Os livros ficam, 
valem mais que tudo, 
mas apesar do amor 
(amor das coisas mudas 
que sussurram) 
e do cuidado doméstico 
fica sempre, em baixo, 
do lado oposto à lombada, 
uma pequena marca negra 
do pó nas páginas. 
A marca faz parte dos livros. 
Estão marcados. Nós também. 


























                           (Pedro Mexia, in "Duplo Império")



Alguns trabalhos, dos poucos que tenho registro, preciso tirar mais fotos. Eles se vão e... 




 
 Pé de Alice e Melissa (Gesso e tinta)



 (Parte do processo em argila, gesso e por fim papel)



 Serafim ( Papel, cola, gesso e tinta)



 (Escultura em giz escolar)  





                                                                                                       Série Meu pé (Gesso)

                                 
                                                                                                            Minha mão (Gesso)

                                 


Mãos de Alice (Gesso, madeira e tinta)

GESSO


Esta minha estatuazinha de gesso, quando nova
- O gesso muito branco, as minhas linhas muito puras -
Mal sugeria imagem da vida
(Embora a figura chorasse).
Há muitos anos tenho-a comigo.
O tempo envelheceu-a, carcomeu-a, manchou-a de
pátina amarelo-suja.
Os meus olhos, de tanto a olharem,
Impregnaram-na de minha humanidade irônica de tísico.

Um dia mão estúpida
Inadvertidamente a derrubou e partiu.
Então ajoelhei com raiva, recolhi aqueles tristes fragmentos,
recompus a figurinha que chorava.
E o tempo sobre as feridas escureceu ainda mais o sujo
mordente da pátina...
Hoje este gessozinho comercial
É tocante e vive, e me fez agora refletir
Que só é verdadeiramente vivo o que já sofreu
                                                                             (Manuel Bandeira)

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Para rir um pouquinho...

Clique no link abaixo e veja um vídeo muito criativo que achei esta semana. Vocês vão se divertir...

A dança da rainha... rsrsrs



Aprendendo a não se levar tão a sério!

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Torta das rosas!

Para adoçar a primavera, mais um caso inspirado pelas rosas. 
Ótima opção para acompanhar um chazinho...
Trata-se de um doce, mais conhecido aqui no Brasil, como Ninho de Abelhas. 
Não sei qual a origem do nome mas o doce, dizem, é de origem alemã e por isso é um doce comum na região sul do país. Devido a influência no período de colonização. 
Mas, mesmo sendo menos conhecido por aqui, na Itália, tem um doce muito parecido, que o chamam, Torta das Rosas. 
Aliás, qual melhor ninho de abelhas do que nas flores?! 
Enfim, não sei qual receita foi criada primeiro e qual foi inspirada. Eterna discussão. 
Neste caso, fico com a receita italiana. 
Minha mãe sempre fez esse doce em casa, que foi apresentado a ela como Ninho de Abelha. Depois dela ter seguido a receita original, que vão mais ingredientes no recheio e possui uma cobertura de nata, ela viu que fez sucesso mas achou muito pesada a versão e passou a simplificá-la. E foi assim que a conheci.
Apenas recentemente, quando senti vontade de comer este doce outra vez e fui atrás da receita, é que descobri a versão italiana e que, por coincidência, era a mesma simplificada pela minha mãe.
Pesquisei e testei algumas versões da massa e cheguei a minha versão. E é esta que compartilharei. 

 Massa:

 5 gemas
Aproximadamente 600g farinha de trigo
45g de fermento fresco (3 tabletes)
noz moscada
raspas da casca de 1 limão
1/2 xícara de açucar
2 xícaras de leite morno
1 colher de sopa de margarina não muito cheia
1 col. de café de sal 

Dissolva o fermento no açúcar, coloque metade do leite e as gemas, misture. 
Junte o sal e 500g de farinha, raspas da casca do limão (não deixe chegar na parte branca apenas a verde senão amarga) e noz moscada ralada, a gosto. Com o restante do leite e farinha vá colocando aos poucos até que a massa chegue num ponto macio sem ficar dura nem muito grudenta.
Sove um pouco e deixe descansar, coberto, até dobrar de volume. 

Enquanto a massa descansa, faça o recheio:

200g de manteiga extra com sal (um tablete inteiro)
3/4 de xicara de açucar 
1 colher de sopa de essencia de baunilha ou uma colher de sopa de calda bem apurada feita com a fava da baunilha

Deixe a manteiga em temperatura ambiente para facilitar.
Coloque o açúcar, a manteiga e a baunilha numa vasilha. Tente agregar estes ingredientes com uma colher e depois bata até que vire um creme bem fofo e clarinho. Leva um tempo e vai dobrar de volume. Reserve.

Depois de crescida a massa, abra-a com um rolo, de modo que fique um retângulo com um centimetro de espessura.  
Espalhe o creme de manteiga sobre a massa e em seguida polvilhe coco ralado (melhor se for ralado grosso e sem açucar). OBS: Este é o único ingrediente que não consta na receita original italiana e sim na alemã, portanto é opcional, mas eu recomendo colocar. 


Agora enrole como um rocambole.
Corte em fatias de 3 cm cada.

 



Disponha numa forma redonda, deixando espaço entre elas porque vai crescer. Não é necessário untar a forma.

 

OBS: A forma redonda é mais indicada pois, como verão ao final, ficará parecendo um buquê de rosas, fazendo jus ao nome.
A quantidade desta receita, deu duas formas como a da foto.
Leve ao forno médio já aquecido (230º) por 15 minutos, depois diminua para 180º  e deixe até dourar. 


Aproximadamente mais 20 minutos. É rápido mesmo!
E aí está! A minha forma era grande mas se colocar numa forma um pouco menor, quando crescer e assar, o resultado final ficará mais bonito e mais parecido com o buquê de rosas.




Quente é mais gostoso que frio... Hummmm... 
Aceita, com um chazinho?

OBS: Aqui no brasil, há quem acrescente frutas secas ao recheio ou coloque leite condensado por cima, quando sai do forno, ou ainda, quem substitua o recheio por creme de confeiteiro ou chocolate. 
Na receita alemã, depois de assado, acrescenta-se nata adoçada por cima (nata é creme de leite fresco). e retorna uns 3 minutinhos no forno. 

Ainda farei uma versão em homenagem a Rainha de Copas, colocando corante vermelho na cobertura de nata e ao final parecerão as rosas brancas mal pintadas de vermelho, como na história!!! rsrsrs


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Porque a Rainha exigia rosas vermelhas?

Ainda no clima da primavera e no assunto flores, não podemos deixar de abrir um espaço exclusivo para as rosas. Gostem ou não, a rosa é uma das flores mais antigas conhecidas pelo homem e ainda é uma das mais populares. 
A rosa está envolvida em muitos aspectos simbólicos, históricos, mitológicos, artísticos, políticos e até comerciais com a produção de perfumes e essências...
Segundo a mitologia grega, a rosa é a flor do amor. Ela foi criada por Clóris, a deusa grega das flores, a partir do corpo sem vida de uma ninfa que ela encontrou certo dia em uma clareira no bosque. Clóris a plantou no solo. Pediu a ajuda de Afrodite, a deusa do amor, que deu à ninfa, a beleza; Dionísio, o deus do vinho, também contribuiu e ofereceu néctar para proporcionar-lhe um perfume doce; E as três Graças também lhe deram, respectivamente, encanto, esplendor e alegria. Depois Zéfiro, o vento oeste, afastou as nuvens com seu sopro para que Apolo, o deus do sol, pudesse brilhar e fazer a planta florescer. E desta forma, a rosa nasceu e, com tanto esmero na sua criação e atributos, foi logo coroada Rainha das flores.
Só por isso poderíamos supor que a Rainha de Copas gostava de rosas? Por se tratar de uma flor igualmente nobre? Mas as possíveis interpretações e significados da rosa vermelha em "Alice no país das maravilhas", podem ir muito além disso.
Falando um pouco da relação das rosas e nobreza, ao longo da história... 
Nabucodonosor usava-as para adornar seu palácio e, na Pérsia, onde elas eram cultivadas por sua essência perfumada, as pétalas eram utilizadas para encher o colchão do sultão. Em Caxemira, os imperadores mongóis cultivavam belos jardins de rosas e as flores eram jogadas no rio para dar-lhes as boas vindas quando voltavam para casa. Mais tarde, as rosas tornaram-se sinônimo dos piores excessos do Império Romano. Os camponeses eram obrigados a plantar apenas rosas em vez de alimentos para satisfazer as exigências de seus governantes. Os imperadores enchiam suas banheiras e fontes com água de rosas, que caíam do teto durante as festividades.
Alguma semelhança com as cartas oprimidas e obrigadas a cultivarem e manterem as rosas vermelhas do jardim da rainha de copas? ...ou...CORTEM AS CABEÇAS!!!
Mas e a cor vermelha?
Ainda segundo a mitologia grega, conta-se que, Afrodite e Perséfone, ambas apaixonadas por Adônis, costumavam compartilhar os "favores" do rapaz. Porém quando Afrodite decidiu ter exclusividade, Perséfone pediu ajuda de Ares, o deus da guerra. 
Um dia, Adônis caçava na floresta e foi fatalmente atacado por um javali. Afrodite correu pra junto dele, arranhando-se em arbustos de rosas brancas. Rosas vermelhas surgiram onde o sangue de Adônis havia respingado e as rosas brancas em que Afrodite se arranhou tornaram-se vermelhas em solidariedade. 
Bom, disso podemos entender porque a rosa é tida como a flor dos enamorados.
Continuando...
Os primeiros cristãos fizeram das rosas vermelhas o símbolo do sangue do mártir, ao passo que as rosas brancas sempre foram associadas à pureza e inocência. Diz-se que a Virgem Maria colocou seu véu pra secar sobre um arbusto de rosas vermelhas que, depois disso, passou a produzir rosas de brancura imaculada.
Hum, certa semelhança com a mitologia grega, mera coincidência?
Agora, falando historicamente, temos a Guerra das Duas Rosas, que foi uma guerra civil ocorrida na Inglaterra entre os anos de 1455 e 1485. Os conflitos ocorreram pela disputa do trono inglês entre duas importantes famílias nobres britânicas: Lancaster e York.
O nome da guerra foi dado em função dos emblemas que representavam estas duas famílias: Casa de Lancaster (rosa vermelha) e Casa de York (rosa Branca). Em 1455, a Inglaterra era governada pelo rei Henrique VI da Casa Lancaster. Com a derrota na Guerra dos cem Anos (1337 a 1453), a administração fraca e os problemas mentais apresentados por Henrique VI, criou-se um clima favorável para a disputa pelo trono inglês. Assim, Ricardo, duque de York, se uniu a vários nobres ingleses e exigiu a renúncia de Henrique VI do trono da Inglaterra. Em 1455, Henrique VI organizou um exército para atacar Ricardo e seu grupo. Teve assim início a Guerra das Duas Rosas. Durante 30 anos, ocorreram várias batalhas e vitórias de ambos os lados. Milhares de ingleses morreram nos conflitos e a Inglaterra ficou praticamente dividida na guerra. Com a derrota e morte de Ricardo III (York) na Batalha de Bosworth (1485), o vencedor Henrique Tudor, um remoto descendente dos Lancaster por parte de mãe e Tudor por parte de pai, foi coroado rei da Inglaterra (Henrique VII). O novo rei conseguiu colocar fim ao conflito militar e a disputa política ao se casar com Isabel de York, unindo desta forma as duas famílias.



Na inglaterra, uma rosa damascena branca e vermelha passou a ser cultivada a partir dessa ocasião e recebeu o nome de Rosa York e Lancaster ou Rosa Tudor.

Anos mais tarde já durante o reinado da rainha Elizabeth I, conhecida como a rainha virgem, foi adotada a Rosa Tudor como seu emblema e ela escolheu  "Rosa sine spina"(Rosa sem espinho) como seu mote. Muitos poetas elisabetanos escreveram sobre ela. Sob o reinado de Elizabeth I floresceram também as artes e a cultura. Foi nessa época que surgiram escritores de renome como William Shakespeare, Christopher Marlowe e Ben Johnson. 
Inclusive, Shakespeare colocou isto em cena, em sua peça Henrique VI, parte de uma trilogia, quando cada um dos lados colheu as rosas no jardim do Templo em Londres. 
A rosa tem sido o emblema nacional da Inglaterra desde então. 
O país é famoso por suas rosas e é raro um jardim que não as tenha. 

Bem, acho que agora podemos entender o porque das rosas ligadas a nobreza e a questão das cores vermelha e branca aparecerem na história de Alice, sendo seu autor e a personagem, quando em seu mundo real, ingleses.
Realmente não podemos subestimar esta obra de Lewis Carroll. É uma das obras mais célebres do gênero literário nonsense
Além dessas relações simbólicas e políticas que acabamos de perceber, dizem os estudiosos, que está repleta de alusões satíricas, dirigidas tanto aos amigos como aos inimigos de Carroll, paródias a poemas populares infantis ingleses ensinados no século XIX e também de referências linguísticas e matemáticas, frequentemente através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade. Isso pra não mencionar as frequentes relações feitas com a estética surrealista e a teoria do inconsciente na psicanálise de Freud. 
Porém, a saga de Alice, foi publicada pela primeira vez em 1865 e as primeiras publicações de Freud sobre inconsciente e psicanálise foram a partir de 1891, assim como o surrealismo surge e toma corpo por volta de 1920.
Trata-se então de uma obra, muitas vezes simplificada através de versões, mas de difícil interpretação, pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos. Este livro possui uma continuação, Alice do outro lado do espelho, e ambos influenciam ainda diversos autores e filmes até hoje.
Na minha opinião, a maior genialidade desta obra está no fato de que todas essas e muitas outras possíveis relações, independente de terem sido engenhosamente colocadas no texto - para uma possível teoria, crítica ou sátira - ou se surgiram espontaneamente por ser uma expressão artística que, de maneira inconsciente, talvez tenha traduzido sua época. - Época que antecedeu e talvez tenha dado origem ao que depois conhecemos como psicanálise, surrealismo, inconsciente coletivo, etc... - O fez brilhantemente. quando escolhe como mote, o personagem de uma menininha curiosa, onde tanto a estética quanto a narrativa se mostram justamente como a cabeça de uma criança funciona, cheia de informações novas, não necessariamente compreendidas de maneira linear e completa mas que, de alguma forma, por intuição e ou criatividade, se dá sentidos e relações.  Maneira essa, capturada nesta obra nos dando a chance de mergulhar e adentrar essa mente, assim como Alice, curiosa, entra na toca do coelho. 
No país das maravilhas, como no nosso inconsciente, mesmo adultos, podemos criar relações e sentidos de muitas ordens, que não só a cotidiana, mesmo que sejam aparentemente nonsenses.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Primavera... as flores se exibem faceiras, por toda parte!






                                                                                                   












 Quem não gosta de flores? Cultivadas, ganhadas, discretas, frondosas, delicadas... Um buquê de campainhas para alegrar a bandeja do café, lírios do vale para festejar a primavera, ou um simples raminho de madressilvas colhidas nas cercas vivas. A atribuição de significado às flores começou na antiguidade. Os romanos homenageavam os heróis com coroas de louros e a mitologia grega relata a criação de muitas flores. Em Hamlet, Ofélia enumera as qualidades das ervas e das flores que leva nos braços. Os poetas sempre exaltaram as virtudes das flores e na época elisabetana começaram a escrever sobre seu significado, mas foram os vitorianos que transformaram em arte as oferendas de flores. E seguiam um novo código floral, com o mesmo entusiasmo dedicado à construção das cidades e à decoração das casas. A escolha da flor era muito importante, o mesmo acontecendo com a maneira de apresentá-la. Colher flores que nós mesmos plantamos traz grande alegria. Os que foram criados e cresceram no campo, com um jardim, conhecem a paixão pela jardinagem e a satisfação de levar as visitas à horta para exibir as plantas que cultiva. Os convidados, não raro, voltam para casa com uma cesta de tomates maduros ou uma bela beterraba. Um gesto de amizade também demonstrado através das flores. 
Espero que mais pessoas cultivem e se enfeitem de flores, colorindo e perfumando suas casas, oque vai torná-las mais acolhedoras e especiais.
Aos 17 anos de idade, por gostar bastante de flores, recebi, de um amigo, um livro chamado "A linguagem das flores" de Sheila Pickles. Foi dele que tirei  tantas informações  sobre elas. Este livro também conta os significados das flores ao longo dos tempos. Quem tiver alguma preferência ou curiosidade sobre o significado de alguma flor em especial, é só mandar uma mensagem que terei o maior prazer em lhes contar oque diz em "A linguagem das flores".
 Minha favorita sempre foram as margaridas que, infelizmente, ainda não consegui cultivar... já tentei mas não vingou... dizem que o seu significado é Inocência. 
Simbolo dos enamorados, delicadas, belas, as flores perfumam e enfeitam o ambiente mas cada uma delas tem seus caprichos, gostos e maneiras próprias. É preciso muita dedicação e cuidados.

Maneira de amar

Carlos Drummond de Andrade

O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos por natureza.

Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na ocasião devida.

O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.

Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. “Você o tratava mal, agora está arrependido?” “Não, respondeu, estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava.”